Administração de Arniqueiras promove operação contra o Aedes Aegypti

Órgãos do Governo do Distrito Federal, das Forças Armadas e a Cruz Vermelha do DF se reuniram, na última sexta-feira (13), para a realização da segunda etapa da megaoperação de combate à dengue no Setor Habitacional Arniqueira. A ação ocorre na região administrativa desde 13 de março, com o intuito de diminuir os focos de criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença que contaminou, apenas neste ano, 222.882 pessoas, e levou a óbito 235, segundo boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do DF (SES).

A ação conjunta dos órgãos realiza busca ativa de casas e terrenos de acumuladores, por meio de visitas feitas por equipes multisetoriais. Muitas dessas casas são de pessoas com problemas mentais que guardam materiais que colocam em risco os vizinhos e contribuem para a situação de emergência sanitária vivida no Distrito Federal, nos últimos meses. Arniqueira registrou, desde o início do ano, 1.197 casos de dengue. No entanto, o coeficiente de incidência a cada 100 mil pessoas caiu de 309,97 no mês de março, para 3,86 até a segunda semana de abril. A região do DF com maior número de registros é a oeste, que engloba as cidades de Brazlândia, Ceilândia e Sol Nascente, com um total de 44.655.

O setor Habitacional Arniqueira concentra a maioria dos condomínios da região administrativa, com mais de 25 mil habitantes. A área onde foi realizada a operação, ontem, possui uma grande concentração de comércios e vinha recebendo um grande volume de reclamações sobre o entulho acumulado nas calçadas. A megaoperação foi realizada com o apoio de 240 profissionais, entre militares dos Fuzileiros Navais da Marinha, Vigilância Ambiental, Corpo de Bombeiros, da Secretaria de Proteção à Ordem Social (DF Legal) e da Cruz Vermelha de Brasília, entre as 8h e as 17h.

Acumulador

Um dos pontos de maior atenção, durante a ação de remoção de lixos e entulhos, ocorreu próximo à área comercial de Arniqueira. No local, um homem em situação de rua acumulava por quase nove meses, segundo lojistas e moradores da região, malas velhas, fogão enferrujado, vasilhas com água parada, brinquedos quebrados, entre outros objetos, ao redor do colchão onde dormia, tudo cercado por arame. Todo esse material trazia risco para a comunidade.

O homem em situação de rua foi contactado pela equipe de assistência social, mas acabou indo embora do local com um carrinho de compras, dois compartimentos, um cachorro e dois violões, além de vasos com plantas. O lixo acumulado por ele servia de abrigo para ratos e dezenas de baratas, que saíram de trás dos objetos. Quem passava por ali diariamente sentia o mau cheiro intenso. Um caminhão usou jatos de água para limpar o local e restabelecer a assepsia do ambiente.

Comerciantes

Um morador daquele bairro, que preferiu não ser identificado, contou à reportagem que o senhor é um acumulador. “Todo mundo gosta dele, ele é gentil com todos. O grande problema é mesmo esse lixo que ele leva para onde vai.”

O comerciante José Lucas Costa, 71 anos, tem a uma loja de utilidades, no ponto ao lado dos entulhos, desde 2001. “Eu não tenho nada contra a pessoa dele, mas sempre se irritava quando a gente falava que ele era um acumulador. O trabalho para retirar o lixo foi bacana”, disse. Costa foi o primeiro a ser infectado pelo mosquito, em dezembro do ano passado. Teve sintomas leves como dor de cabeça, dor no corpo e febre por uma semana. Depois dele, todos os funcionários da loja também adoeceram com a arbovirose. “Eu chego todos os dias às 8h e fico até as 19h na loja. Provavelmente adoeci aqui”, concluiu.

Balanço

Uma equipe da Cruz Vermelha Brasileira estava presente para auxiliar as pessoas retiradas. “Também estamos ajudando a administração no combate à dengue, fazendo a visita de casa em casa, verificando os focos e orientando as pessoas. Assim, trabalhamos a educação em saúde”, explicou Ágatha Brito, presidente da Cruz Vermelha do DF.

Ao tempo que acontecia a retirada dos entulhos, 70 equipes de agentes de vigilância ambiental e bombeiros visitaram os domicílios da região para orientar os moradores sobre como evitar o surgimento de focos de transmissão. Conforme dados da Vigilância Ambiental, cerca de 1200 imóveis foram vistoriados e encontrados 3,3 mil depósitos de água, além de terem sido coletadas 27 amostras, que foram encaminhadas para análise. Também foram utilizadas mais de mil pastilhas de larvicidas.

Segundo Herica Marques, chefe do núcleo de vigilância ambiental da região, essas operações pontuais estão sendo esperadas pela população de Arniqueira. Ela aproveitou a ocasião para fazer um apelo: “Precisamos dos moradores para combater o mosquito. Nós estamos orientando, mas cada um precisa fazer a sua parte e não acumular entulho, limpar vasos d’água. Até porque está chovendo bastante”.

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