Professoras da Uerj são contempladas por incentivo à presença de mulheres no desenvolvimento de pesquisas

Mulheres representam 43,7% dos pesquisadores no Brasil, segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mas ainda enfrentam muitos obstáculos para se firmar e assumir cargos de liderança no mundo acadêmico.

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Encarando as dificuldades históricas, professoras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foram contempladas pelo Programa de Apoio à Jovem Cientista Mulher, edital lançado em 2023 pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

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Projetos

Entre as contempladas pela Faperj, estão três professoras do Instituto de Física da Uerj: Letícia Faria Domingues Palhares, Maria Clemencia Rosario Mora Herrera e Paula de Oliveira Ribeiro Alho. As pesquisadoras acreditam que a área de “Ciências exatas, tecnológicas e multidisciplinar” é particularmente sensível, já que se trata de um meio predominantemente masculino.

Tanto que, atenta a essa desigualdade, a Faperj lançou, em fevereiro, o Programa Meninas e Mulheres nas Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Computação, que visa apoiar a participação feminina em áreas em que tradicionalmente a presença masculina ocorre com mais frequência. As submissões estão abertas até o dia 5 de abril.

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Professora e pesquisadora no Departamento de Física Teórica, Letícia Palhares conta que, não raro, participa de conferências em que há 1% a 3% de mulheres. Mas, para ela, não há desafio maior que conciliar a maternidade com a carreira científica.

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“Para mim a maternidade foi um divisor de águas. Entrei na pandemia grávida e com uma criança de 1 ano, e foi muito difícil. Eu me vi numa situação em que tive que decidir entre me dedicar à carreira ou cuidar dos meus filhos. Jamais tive tantas dificuldades, em outras situações, sendo mulher na Física. Eu senti a maternidade de uma maneira mais aguda. Está lá no meu parecer: ‘foi mãe’. É um impacto tão grande que assusta”, revela.

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Com o projeto “Confinamento: teoria, física de aceleradores e fases da matéria nuclear”, Letícia tenta responder à pergunta: do que somos feitos ou do que as coisas são feitas?

“Sabemos que as coisas são compostas por átomos e, dentro deles, tem o núcleo atômico. O meu estudo tenta observar o que tem dentro deste núcleo. Será que conseguimos chegar a uma pecinha fundamental que compõe todo o resto que observamos, como uma espécie de Lego do qual tudo é feito? Hoje em dia dizemos que essas pecinhas são os quarks, partículas que acreditamos ser indivisíveis. Estudo a interação entre os quarks para formar o próton e o nêutron. Juntamos um mundo muito pequenininho com outro muito energético, e para descrever essas interações, chamamos de teoria quântica de campo”, descreve a pesquisadora.

Desafio

A professora Maira Covre-Sussai Soares, do Instituto de Ciências Sociais, vai desenvolver uma pesquisa quantitativa sobre famílias, trabalho doméstico, cuidado e valores de gênero no Brasil em perspectiva comparada internacionalmente. O projeto teve uma primeira etapa em 2016 e agora propõe demonstrar se, e como, aconteceram mudanças nos valores de gênero no país.

“Tivemos uma década muito específica, com um governo em que a pauta antigênero era muito forte. E tivemos a pandemia. Passado esse furacão, como andam os valores de gênero? O brasileiro continua achando que tanto faz a criança ser criada pelo pai ou pela mãe? Em que medida as pessoas concordam com a mulher trabalhar em casa, cuidar da família, enquanto o homem trabalha fora? E queremos perguntar como a pandemia impactou a vida familiar da comunidade. No início, alguns indicadores apontaram que a produtividade dos homens aumentou, enquanto a das mulheres diminuiu, pois precisavam cuidar dos filhos”, relata Maira.

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