NFL: surpreendente Lions visita 49ers na final de conferência; Ravens e Chiefs fazem duelo de peso

Foram 32 anos em que o Detroit Lions não soube o que era vencer nos playoffs da NFL. Foram três décadas sem ser o melhor time da divisão, que, em 1993, ainda se chamava Central, e não Norte. Tudo isso acabou nesta temporada, na qual a equipe do estado de Michigan pode estar escrevendo as páginas do seu primeiro título na era Super Bowl — o primeiro desde 1957. Hoje, às 20h30, precisa superar o San Francisco 49ers na final da Conferência Nacional (NFC), para ganhar um lugar na decisão do futebol americano, em Las Vegas, no próximo dia 11. O vencedor do confronto encara Baltimore Ravens ou Kansas City Chiefs, que duelam pela Americana (AFC), mais cedo, às 17h (os dois jogos com transmissão da ESPN Brasil e da RedeTV).

Os Lions são a maior surpresa entre os quatro concorrentes vivos, vendo o histórico recente da liga. Porém, já havia sinais de que o time do enérgico treinador Dan Campbell tinha condições de disputar um lugar ao sol. Na última temporada, quando não foram à pós-temporada, derrubaram o Green Bay Packers fora de casa na última rodada, eliminando o grande rival.

Serviu como prelúdio para um 2023 sólido, de 12 vitórias, cinco derrotas e a retomada do topo da divisão. A temporada começou com uma vitória contra o campeão Chiefs, no jogo de abertura. O estádio Ford Field, inaugurado em 2002, sequer tinha recebido uma partida de sua equipe em casa no mata-mata, até que Detroit venceu Los Angeles Rams (wild card) e Tamba Bay Buccaneers (semifinal de conferência) para chegar a esta final de NFC.

Na liderança da equipe, um quarterback que muitos preferem apontar como jogador que só funciona sob o sistema perfeito. Pois bem, em seu terceiro ano na equipe, Jared Goff está imerso nas estratégias de Campbell e próximo do segundo Super Bowl na carreira. O outro foi com os Rams, há cinco temporadas. Ironicamente, derrubou Los Angeles pelo caminho, assim como Detroit derrubou Matthew Stafford, quarterback histórico do time que foi negociado naquela troca em 2021.

O sucesso dos Lions também se explica pelo bom draft, que adicionou o talento decisivo do tight end Sam LaPorta e do corredor Jahmyr Gibbs a um ataque que já tinha o bom recebedor Amon-Ra St. Brown. A defesa segue liderada pelo defensive end Aidan Hutchinson, garoto de 23 anos que cresceu em Michigan, vendo a franquia de seu estado ser um “saco de pancadas”, até que ele chegou para ajudar a mudar os rumos.

— O Jared Goff, menino da Califórnia, está se portando bem liderando a equipe e estou de olho também no Hutchinson, que vai ter um duelo chave contra o Trent Williams, um dos melhores jogadores de linha ofensiva na liga. Esse confronto vai ser chave na partida. Se o Hutchinson tiver sucesso e pressionar Brock Purdy, o Detroit pode ter uma noite de sucesso na defesa — analisa Paulo Antunes, comentarista na NFL na ESPN.

Jogando no Levi’s Stadium, na Califórnia, os 49ers alcançam sua terceira final de conferência seguida, e a quarta em cinco anos. Porém, será a primeira em casa desde a temporada de 2019, quando perderam o Super Bowl para os Chiefs. A franquia pentacampeã também vive seu jejum, há 29 anos sem levantar a taça, tendo amargado outro vice para os Ravens em 2012, confronto que pode se repetir neste ano.

O treinador Kyle Shanahan busca se consolidar como vencedor. Com seu gênio mirabolante, autor de um sistema que precisa ser conduzido de maneira ainda mais polida, encontra no quarterback Brock Purdy, em segundo ano de liga, o nome que pode conduzir San Francisco ao sexto troféu. Como se machucou durante a derrota na última final da NFC, terá a chance de escrever outra história.

A equipe chega com dúvidas, principalmente em relação a lesões, mas também com certezas, ainda mais em se tratando de Christian McCafrrey, corredor que está entre os cinco finalistas para o prêmio de melhor jogador do ano (MVP), ao lado de Purdy, e deve vencer como jogador ofensivo do ano (OPOY). Líder de produção terrestre na temporada, foi fundamental na classificação contra os Packers, ao correr 98 jardas e anotar dois touchdowns.

— McCaffrey, claro, é uma grande estrela dos 49ers, e o Purdy. Porém, no San Francisco, estamos de olho no Deebo Samuel, que se machucou na última partida e é um atleta muito importante — lembra Antunes.

Independente destas condições, o 49ers é favorito em casa por múltiplas razões, e uma eliminação geraria questionamento diante de um novo fracasso nos playoffs. Do outro lado, chega um Lions que vem desfrutando sua jornada, e busca, no mínimo, acumular experiência para futuros anos, pois é uma equipe jovem que chega para ficar. Não seria nada mal ficar a apenas um passo de ganhar o troféu Vince Lombardi.

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Durante a temporada, não parecia que este Chiefs teria cancha para chegar tão longe, mas o quarterback Patrick Mahomes colocou mais uma vez a equipe entre as quatro melhores da liga. Porém, desta vez, o confronto será no alçapão do M&T Bank Stadium, casa dos Ravens, o melhor time da temporada.

Na offseason deste ano, o quarterback Lamar Jackson parecia estar com os dias contados em Baltimore. Apesar das boas temporadas anteriores e o prêmio de MVP em 2019, os insucessos nos playoffs começavam a taxá-lo de incapaz, na hora que as coisas apertavam. O jogador de 27 anos chegou a “fazer greve” por uma extensão contratual e um aumento salarial, e os Ravens até mesmo cogitaram envolvê-lo em uma troca.

O desenrolar dos fatos fez Lamar ficar, receber seu novo vínculo e reforços no corpo de recebedores, como Odell Beckham Jr. e o calouro Zay Flowers. Foi o suficiente para que o quarterback evoluísse para além das qualidades no jogo terrestre e vivesse sua melhor temporada da carreira. Franco favorito a ser MVP mais uma vez, terá o retorno de seu alvo favorito na tarde de hoje, o tight end Mark Andrews.

A defesa montada pelo treinador John Harbaugh é a melhor da liga e tem nomes que vem jogando em ritmo alucinante, como Patrick Queen, Roquan Smith e Kyle Hamilton. A franquia campeã das temporadas de 2000 e 2012 jogará a final de conferência em casa pela primeira vez, e quer fazer valer a melhor campanha geral — 13 vitórias e quatro derrotas — para voltar ao Super Bowl. Para isso, conta com as versões mais maduras de várias peças, principalmente seu quarterback.

Se o Chiefs quer ser o primeiro bicampeão consecutivo desde o New England Patriots em 2003 e 2004, precisará provar que o jogo aéreo tem capacidade de superar a defesa adversária. Esse vem sendo o calcanhar de Aquiles da equipe de Andy Reid, que, ao contrário de outros anos, tem uma unidade defensiva bem mais consistente que a ofensiva.

À exceção do calouro Rashee Rice, nenhum recebedor vem sendo confiável. Até mesmo o tight end Travis Kelce, ainda o melhor da posição, decepcionou em 2023. Porém, na última semana, na vitória acachapante contra o Buffalo Bills, deu alguns sinais do antigo brilho.

— São tantos jogadores de destaque. Lamar Jackson e Patrick Mahomes são duas grandes estrelas, vamos ver se o Travis Kelce, que anotou dois touchdowns contra o Buffalo Bills, consegue brilhar de novo — lembra Paulo Antunes.

A chegada dos Chiefs à final da AFC se justifica mais pelo brilhantismo da defesa e de Mahomes. Em toda sua carreira, o astro de 28 anos não sabe o que é cair antes desta fase. Ter o melhor quarterback da NFL ainda é um fator de peso, principalmente considerando a quase dinastia recente: foram dois títulos nos últimos quatro anos.

Ainda assim, como na outra conferência, o time da casa é favorito. Aqui, por um pouco menos de vantagem, graças ao calibre dos nomes envolvidos. Os Chiefs seguem como uma entidade que não consegue ficar longe do posto de candidato, mesmo em temporadas abaixo da crítica. Já os Ravens e Lamar entram em campo ansiando por mostrar que têm tamanho para serem coroados em definitivo.

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