Consternados, artistas dão adeus a Adriano Falabella, Enciclopédia do Rock

Este sábado (13/1) é um dia triste para o rock de BH, de Minas e do Brasil. O apresentador de TV, radialista e crítico musical mineiro Adriano Falabella, de 70 anos, morreu em decorrência de choque séptico devido a uma infecção dentária.

Desde 1997, Adriano comandava o quadro “Enciclopédia do rock” no programa “Alto-falante”, da Rede Minas, apresentado pelo jornalista Terence Machado e exibido para o país pela TV Brasil. Irreverente, divertido e hiperinformado, não foi à toa que ganhou o apelido que batizou a atração do “Alto-falante”. Afinal, ele sabia tudo – mesmo – de rock. Com seu jeito de “doidão” setentista e cabelos grandes à moda hippie, atendia também por Get Crazy.

“Órfão do paizão”

A morte de Adriano Falabella causou impacto entre os músicos em BH. Baixista da banda Pato Fu, Ricardo Koctus diz que ele foi importante tanto para a música de Minas quanto para o rock nacional. “Quando o Pato Fu começou, ele estava ali, trabalhando muito e dando a maior força para bandas que estavam iniciando”, afirma.

“Adriano tinha verdadeira enciclopédia na cabeça sobre o rock, sobre tudo o que acontecia no mundo. A gente perdeu uma fonte de informação muito valiosa. Isso, eu falo do lado profissional. Quem conviveu com ele, como eu, perdeu um grande amigo, uma pessoa extremamente sensível, carinhosa e receptiva”, lamenta Koctus. “A gente ficou órfão do paizão que trazia todo o conhecimento de rock para a gente.”

Ricardo Koctus, baixista do Pato Fu, destaca o profundo conhecimento sobre rock de Adriano Falabella

Sem palavras

“É difícil até encontrar palavras”, admite o cantor e compositor Wilson Sideral, autor do hit “Fácil”, da banda Jota Quest. “Ele realmente cativou todo mundo. Foi uma enciclopédia para a gente, um cara que ensinava. Sabia os nomes de todo mundo. Era impressionante como entendia de gravações de discos, de clássicos. Um baú de sabedoria”, diz.

“Quando lancei o meu primeiro trabalho, o Adriano foi um dos primeiros caras a abrir espaço na mídia para falar sobre aquele álbum independente, uma demotape. Enxergou futuro no trabalho que a gente estava apenas iniciando”, conta Sideral.

Professor de guitarra

O cantor e compositor Affonsinho conheceu Falabella aos 15 anos. “Foi meu primeiro professor de guitarra. Comecei a tocar com as aulas dele, o primeiro solo de guitarra que aprendi na minha vida foi ensinado pelo Adriano, a primeira música que aprendi na minha vida foi ensinada pelo Adriano”, diz.

Affonsinho revela que além de apresentador e radialista, o “Enciclopédia do Rock” foi guitarrista talentoso. “Era raríssimo você ter informação (sobre rock) na década de 1970, a gente tinha três revistas, mas com poucas informações. E o Adriano já sabia muita coisa. Ele me ensinava músicas dos Beatles, Eric Clapton e de Johnny Winter. Me mostrou esses caras todos.”

Affonsinho: “O primeiro solo de guitarra que aprendi na minha vida foi ensinado pelo Adriano, a primeira música que aprendi na minha vida foi ensinada pelo Adriano” Affonsinho: “O primeiro solo de guitarra que aprendi na minha vida foi ensinado pelo Adriano, a primeira música que aprendi na minha vida foi ensinada pelo Adriano” Affonsinho: “O primeiro solo de guitarra que aprendi na minha vida foi ensinado pelo Adriano, a primeira música que aprendi na minha vida foi ensinada pelo Adriano”

Guilherme Castro, integrante da Orquestra Mineira de Rock, conheceu Falabella quando ele apresentava programa na Rádio 107. Garoto ainda, levou a fita de sua banda de colégio para o radialista ouvir. Adriano mandou logo que entrasse no estúdio. Quando soube que se tratava de rock progressivo, não titubeou: pôs a fita no ar. “Isso me impactou”, relembra Castro.

“Ele pegava as coisas lado B das bandas, não o repertório óbvio, além de pegar bandas muito pouco conhecidas aqui no Brasil. Fazia um programa no final da tarde de domingo, sempre aplicando o rock em todo mundo. Sua importância foi muito grande para a cena daqui de Belo Horizonte”, afirma.

“Get crazy!”

Allan Wallace, da banda Eminence, ainda se lembra de Adriano comandando o programa “Rock que a Terra não Esqueceu”, com seu famoso bordão “Get crazy”. “Sempre apoiou as bandas locais, sempre vestiu a camisa do rock e do heavy metal”, comenta. Eminence teve o apoio do apresentador desde o início. “É um cara que sempre respirou música, né?”, diz Wallace.

O rapper Roger Deff revela que o mestre do rock sempre foi referência para ele, muito antes de acompanhar o programa “Alto-falante”. Ajudou-o a descobrir bandas, a saber mais sobre artistas, a ampliar seu conhecimento musical.

“Ele sempre tinha uma ótima história para contar, com muita propriedade. E com aquele encerramento clássico, “gostas do delírio, baby?”. É inestimável a perda deste comunicador único”, lamenta.

O jornalista Tutti Maravilha, apresentador do programa “Bazar Maravilha” na Rádio Inconfidência, destaca a importância de Adriano Falabella como comunicador. “Ele conseguiu mostrar para o belo-horizontino o rock do mundo”, diz. E acrescenta: “Para ser roqueiro, não adianta só pôr roupa preta e desfilar por aí. É preciso atitude. Antes de tudo, Adriano tinha atitude. Era roqueiro até debaixo d’água.”

Adriano Falabella deixa a companheira, Débora, e a filha, Júlia, de 18 anos.

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