Petrobras pode renegociar contratos

8Fornecedores da Petrobrás têm se preparado para uma provável onda de renegociação de contratos antigos para aluguel de plataformas marítimas. Segundo um alto executivo de uma empresa estrangeira, o setor já espera a convocação da estatal para debater contratos fechados no auge da demanda por esses equipamentos. Essa renegociação deve ocorrer como medida da nova diretoria da Petrobrás que precisa cortar gastos e diante das novas condições do mercado global de aluguel de plataformas, já que alguns preços caíram até 50% nos últimos anos.

Na semana passada, uma das grandes fornecedoras da Petrobrás, a norueguesa Seadrill, surpreendeu o mercado ao anunciar aos acionistas que contratos para aluguel de duas plataformas marítimas assinados com a estatal brasileira devem ter prazos ou condições comerciais alteradas. Por isso, a empresa não conta mais com o valor integral de US$ 1,1 bilhão previsto na assinatura do contrato. Segundo uma fonte ouvida pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, a decisão da companhia norueguesa pode ser a indicação de um movimento mais amplo de renegociação que está por vir.

A Petrobrás continua pagando normalmente empresas que alugam plataformas petrolíferas, como a própria Seadrill, a europeia Ocean Rig e a americana Transocean. “A Petrobrás não atrasou nenhum pagamento. Todos os compromissos estão sendo quitados na data e com os valores combinados em contrato. Mas a Seadrill sentiu-se obrigada a avisar investidores por uma questão de transparência diante da grande mudança que houve na estatal”, diz.

Segundo essa fonte, consórcios que operam as várias áreas de exploração estariam começando a avaliar a possibilidade de renegociar preços e prazos dos contratos firmados há alguns anos. Segundo o executivo, esse movimento tenta antecipar a “muito provável” movimentação da estatal. “A nova diretoria (da Petrobrás) usará novos processos e deverá haver mudança nos valores previstos no orçamento. Por isso, o setor acredita que vão chamar todos (os fornecedores) para a mesa de negociação. Por enquanto, porém, não aconteceu nada fora do ordinário.”

Ainda que a iniciativa comece a partir dos consórcios, vale lembrar que todos esses grupos contam com a participação majoritária da Petrobrás. Uma das plataformas que foi alvo do comunicado da empresa norueguesa da semana passada foi contratada por um consórcio controlado pela Petrobrás com 65% da concessão. Os demais sócios são a britânica BG Group com 25% e portuguesa Galp Energia com 10%.

Mudança

Além dos problemas de corrupção dentro da estatal, a nova direção da Petrobrás tem como forte argumento pró renegociação a mudança do cenário global. “É algo mundial que a Petrobrás sofre e as outras petroleiras também. Quem tem condições de renegociar, vai fazer isso porque muitos desses contratos foram firmados no auge da demanda global. Agora, com a oferta maior de sondas e o mercado em situação diferente, os preços caíram bastante”, diz a fonte, ao comentar que a oferta mundial cresceu mais que a demanda nos últimos anos.

Algumas das plataformas alugadas pela Petrobrás no auge da demanda global no fim da década passada têm aluguel diário superior a US$ 600 mil – caso de West Taurus e West Eminence, ambas da norueguesa Seadrill. Atualmente, equipamentos comparáveis chegam a ser alugados por valores próximos de US$ 400 mil por dia. Essa discrepância de 50% é um forte argumento para levar fornecedores e a estatal para a mesa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Fonte: Estadão

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *